No Brasil, a reforma psiquiátrica surge em meados do final dos anos 70 pelos trabalhadores da saúde mental que não suportavam mais as más (péssimas, desumanas) condições em que os pacientes ficavam nos diversos manicômios e hospitais psiquiátricos. Estes eram na verdade depositários de pessoas, com não só um adoecimento mental, mas, qualquer que seja o individuo que não fosse aceito socialmente corria o risco de ir para um desses lugares.
Esse movimento dos trabalhadores da saúde mental ganhou força com o movimento de reforma sanitária que já acontecia neste país, culminando na 8º Conferência Nacional de Saúde em 1986, que criou bases e ancoragem para fortalecer a reforma psiquiátrica. Posteriormente, em 1987, em Bauru-SP no II Encontro Nacional dos trabalhadores da Saúde Mental criou-se o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial com o lema: “Por uma sociedade sem manicômios”. Desde então todos os anos nesta mesma data acontece em várias cidades do país a marcha em luta pelos direitos dos portadores de doença mental.
O tratamento para os que tem alguma doença mental não deve ser, de maneira nenhuma, pautada pelo trancafiamento desse sujeito. Existem os casos em que uma medida de segurança é expedida para aquele sujeito que, em um momento específico, normalmente pela falta de tratamento, oferece riscos à sociedade. Mas tal risco é temporário, e com o tratamento adequado este sujeito terá plenas condições de conviver novamente em sociedade. Mas, o que deve-se ter em mente, é que: Os usuários da saúde mental não são perigosos. Esta é uma concepção errônea que hoje se tem, e que muito é reforçada pela falta de tratamento e também pelo longo histórico manicomial, não só do nosso país, mas do mundo. A luta antimanicomial, vem justamente para garantir os direitos dos usuários da saúde mental e também para desconstruir a “lógica manicomial” que ainda tem raízes em nossa sociedade.
Sendo assim, ao longo dos anos, a luta por uma sociedade que trate os que são acometidos por qualquer que seja a doença mental tem sido desafiadora. Ameaças aos meios de tratamentos, chamados “porta aberta”, que são os CAPs, CERSAMs, Centros de Convivência, dentre outros, foram muitas, mas, umas das características dos que batalham todos os anos pela saúde mental e que extravasa simbolicamente no dia 18 de maio é a perseverança. Sempre com o lema “Nenhum passo atrás, manicômios nunca mais!”, os usuários da saúde mental e os profissionais não “arredam o pé” do modelo de tratamento humanizado, digno, com ampla autonomia do próprio usuário no seu tratamento.
Neste ano de 2017, o tema enredo foi: “FAZ ESCURO, MAS EU CANTO: LIBERDADE EM TODO CANTO”, onde que de maneira enfática chama a atenção para a onda de retrocessos que a saúde mental no atual cenário político, vem enfrentando. Todas as conquistas que o povo brasileiro veio conquistando ao longo dos anos, não pode se perder, e no que depender dos militantes da saúde mental, a ordem é: resistir sem temer.