sexta-feira, 19 de maio de 2017

Faz escuro, mas eu canto: liberdade em todo canto!

No Brasil, a reforma psiquiátrica surge em meados do final dos anos 70 pelos trabalhadores da saúde mental que não suportavam mais as más (péssimas, desumanas) condições em que os pacientes ficavam nos diversos manicômios e hospitais psiquiátricos. Estes eram na verdade depositários de pessoas, com não só um adoecimento mental, mas, qualquer que seja o individuo que não fosse aceito socialmente corria o risco de ir para um desses lugares.

Esse movimento dos trabalhadores da saúde mental ganhou força com o movimento de reforma sanitária que já acontecia neste país, culminando na 8º Conferência Nacional de Saúde em 1986, que criou bases e ancoragem para fortalecer a reforma psiquiátrica. Posteriormente, em 1987, em Bauru-SP no II Encontro Nacional dos trabalhadores da Saúde Mental criou-se o Movimento Nacional da Luta Antimanicomial com o lema: “Por uma sociedade sem manicômios”. Desde então todos os anos nesta mesma data acontece em várias cidades do país a marcha em luta pelos direitos dos portadores de doença mental.

O tratamento para os que tem alguma doença mental não deve ser, de maneira nenhuma, pautada pelo trancafiamento desse sujeito. Existem os casos em que uma medida de segurança é expedida para aquele sujeito que, em um momento específico, normalmente pela falta de tratamento, oferece riscos à sociedade. Mas tal risco é temporário, e com o tratamento adequado este sujeito terá plenas condições de conviver novamente em sociedade. Mas, o que deve-se ter em mente, é que: Os usuários da saúde mental não são perigosos. Esta é uma concepção errônea que hoje se tem, e que muito é reforçada pela falta de tratamento e também pelo longo histórico manicomial, não só do nosso país, mas do mundo. A luta antimanicomial, vem justamente para garantir os direitos dos usuários da saúde mental e também para desconstruir a “lógica manicomial” que ainda tem raízes em nossa sociedade.
Sendo assim, ao longo dos anos, a luta por uma sociedade que trate os que são acometidos por qualquer que seja a doença mental tem sido desafiadora. Ameaças aos meios de tratamentos, chamados “porta aberta”, que são os CAPs, CERSAMs, Centros de Convivência, dentre outros, foram muitas, mas, umas das características dos que batalham todos os anos pela saúde mental e que extravasa simbolicamente no dia 18 de maio é a perseverança. Sempre com o lema “Nenhum passo atrás, manicômios nunca mais!”, os usuários da saúde mental e os profissionais não “arredam o pé” do modelo de tratamento humanizado, digno, com ampla autonomia do próprio usuário no seu tratamento.


Neste ano de 2017, o tema enredo foi: “FAZ ESCURO, MAS EU CANTO: LIBERDADE EM TODO CANTO”, onde que de maneira enfática chama a atenção para a onda de retrocessos que a saúde mental no atual cenário político, vem enfrentando. Todas as conquistas que o povo brasileiro veio conquistando ao longo dos anos, não pode se perder, e no que depender dos militantes da saúde mental, a ordem é: resistir sem temer.

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Depressão: "Vamos falar?!"

No último dia 7 de abril, foi comemorado o dia mundial da saúde, data que a Organização Mundial da Saúde (OMS) anualmente chama a atenção para temas e problemas relacionados à saúde de alcance mundial. Neste ano de 2017 a entidade dá destaque à depressão, com o lema “Let’s talk”, em português “Vamos falar”, de maneira a evidenciar que existem muitas formas de se manifestar este transtorno, mas também inúmeras maneiras de tratamento. Segundo o blog do ministério da saúde (www.blog.saude.gov.br), atualmente cerca de 350 milhões de pessoas de todas as idades tem depressão, sendo a maior causadora de incapacidades do mundo.

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais em sua 5º edição, o DSM V, traz a depressão dentro da sessão Transtornos Depressivos, onde se incluem o “transtorno disruptivo da desregulação do humor, transtorno depressivo maior (incluindo episódio depressivo maior), transtorno depressivo persistente (distimia), transtorno disfórico pré-menstrual, transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, transtorno depressivo devido a outra condição médica, outro transtorno depressivo especificado e transtorno depressivo não especificado.” (DSM-V)

De forma geral pode-se identificar os principais sintomas da depressão como sendo: alteração do humor; grande diminuição do prazer ou desinteresse em coisas que antes eram muito agradáveis; ganho ou perda de peso de forma inesperada sem estar fazendo dieta; insônia ou sono exacerbado acontecendo de forma freqüente; cansaço ou agitação motora sem motivo aparente; sentimentos de culpa, não aceitação, inutilidade; diminuição da concentração, atenção, raciocínio; e por último, mas extremamente importante, pensamentos frequentes de morte, ideação suicida, planos de suicídio etc.
Esses sintomas são característicos desse transtorno, mas isso não quer dizer que você tem depressão se apresentar alguns desses sintomas. Quem poderá dizer – diagnosticar - se o indivíduo que apresente esses sintomas tem ou não depressão ou qualquer outro transtorno são os profissionais da saúde mental, isto é, o psicólogo, o psiquiatra, o psicanalista, e ainda, muitas das vezes este diagnóstico deve ser feito por uma equipe de profissionais.
Hoje é muito comum vermos pessoas dizendo que está com depressão, deprimida, triste etc., mas devemos nos atentar para algumas coisas: que a tristeza faz parte da vida e muitas das vezes ela vai passar; mas, e em alguns momentos essa tristeza toma proporções aos quais nós não conseguimos caminhar na “estrada da vida” como antes, passamos a não conseguir realizar as tarefas do dia-a-dia como anteriormente, não conseguimos resolver os problemas rotineiros como antes. É neste momento que devemos procurar um profissional para que possamos falar sobre as dificuldades da vida.
Cada caso é único, e sendo assim cada tratamento vai acontecer de forma singular. Algumas pessoas irão necessitar de fazer acompanhamento com um psiquiatra, outros com o psicólogo e com o psiquiatra e em muitos casos com o acompanhamento psicológico a pessoa consegue lidar melhor com seus problemas, com seus conflitos.

Concluindo, para a depressão e tantos outros transtornos, e ainda para aqueles que não apresentam nenhum transtorno, mas, os problemas e as dificuldades da vida se tornaram em algum momento um fardo grande de suportar, sempre há uma maneira de superar e se superar, mesmo que alguns percalços ainda persistam, sempre é possível que a vida volte a ter o brilho que tinha antes.